O cineasta disse hoje à Agência Lusa que concluiu a primeira fase de rodagem do documentário - realizada em vários pontos do Irão - e as filmagens deverão prosseguir nas cidades europeias em Setembro e Outubro.
Produzido pela Bollywood Pictures, «O Tapete Voador» aborda «o papel da arte em substituição da política, na criação de pontes entre as culturas», segundo o realizador, que acredita que a arte pode ter um papel muito importante em construir pontes entre as culturas e «aproximá-las, ao contrário da política, que, por razões e decisões que nos são estranhas, afasta os países».
Para a realização do documentário - cujo ponto de partida são os tradicionais tapetes persas e se desenvolve depois numa dimensão mais abstracta - João Mário Grilo contou com o apoio da Embaixada do Irão em Portugal.
Em Lisboa, as filmagens vão decorrer especialmente no Museu Calouste Gulbenkian e no Museu Nacional de Arte Antiga, onde foi inaugurada a 31 de Julho a exposição «O Tapete Oriental em Portugal. Tapete e Pintura, séculos XV - XVIII», uma mostra que «tem muito a ver com o projecto do filme».
O cineasta referiu que a produtora «gostaria que o documentário pudesse ser estreado no próprio museu, eventualmente numa sessão simultânea com Teerão», uma das localidades onde colheu imagens e fez entrevistas, num total de trinta horas de material que está a ser preparado para montagem.
«Será uma montagem complexa, uma vez que uma grande parte das entrevistas realizadas está em farsi, e assim se irá manter na versão final do filme, que deverá ser falada em, pelo menos, três línguas: farsi, português e inglês», indicou o realizador.
A exposição que se encontra patente no Museu Nacional de Arte Antiga até 18 de Novembro aborda a história dos tapetes orientais em Portugal, na Península Ibérica, na Turquia, Pérsia e Índia, associando os tapetes à sua imagem reproduzida em pinturas dos séculos XVI a XVIII.
De grande valor simbólico e cultural, o tapete oriental, teve grande importância para as trocas comerciais, e foi introduzido na Península Ibérica depois da conquista islâmica, no século VIII, tendo existido em Lisboa uma produção própria, feita por artífices muçulmanos.
Mestre e doutor em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, onde é professor agregado de Filmologia, João Mário Grilo dirige também o Laboratório de Criação Cinematográfica na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
«Maria», o seu primeiro filme, data de 1978, seguindo-se «A Estrangeira» (1982), «O Processo do Rei» (1989), «O Fim do Mundo» (1993), «Saramago: documentos» (1994), «Os Olhos da Ásia» (1996), «Longe da Vista» (1998), «451 Forte» (2000), «A Falha» (2002), «Prova de Contacto» (2004)
É autor dos livros «A Ordem no Cinema», «O Homem Imaginado», «O Cinema da Não-Ilusão» e «As Lições do Cinema».
Diário Digital / Lusa, 8 de Agosto 2007
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