Foi com surpresa que Márcia Rodrigues recebeu a notícia das críticas ao véu usado durante a entrevista ao embaixador do Irão em Lisboa. "Mas não se sabe que dentro de uma Embaixada temos de agir de acordo com as regras desse país?", reagiu, indignada, ontem, a jornalista da RTP.
A questão foi levantada por Pacheco Pereira no blogue Abrupto. "Será que estou a ver bem, uma jornalista da RTP a entrevistar o embaixador do Irão em Lisboa, de véu, vestida até à nuca de escuro e com luvas pretas?" A peça com Mohaammad Taheri foi exibida no último "Avenida Europa". "Uma coisa é vestir-se de forma recatada dadas as sensibilidades, outra é vestir-se como uma iraniana em Lisboa", afirma o comentador.
Márcia Rodrigues admitiu que "partiu do princípio" de que teria de comportar-se assim. "Na República Islâmica do Irão, essas são as regras. Quando fui à Embaixada do Irão na Turquia, fui assim vestida e todos os colegas sabiam que esse era o procedimento".
Quando combinou a entrevista, não perguntou expressamente por esse pormenor ao assessor do embaixador, por ter deduzido que "era um dado adquirido". O primeiro secretário do embaixador, em Lisboa, da República Islâmica do Irão, Seyed Abbas Badrifar, confirmou "A jornalista não nos perguntou, não se falou sobre a roupa dela, mas não é obrigatório vestir de determinada maneira". Disse ainda que o "assunto não é importante para a Embaixada".
"É a lei"
Márcia Rodrigues evocou os muitos anos de carreira e as várias viagens ao Médio Oriente para se justificar. "Há 20 anos que vou para o Médio Oriente e sei o que é uma República Islâmica. Não se trata de um costume, é a lei". Reagiu também com a pergunta "Nunca viram Chiristiane Amanpour, da CNN, ou os jornalistas da BBC nesses territórios?". Entre os jornalistas, as posições divergem. Para Orlando César, presidente do Conselho Deontológico do Sindicato, os profissionais da Comunicação devem cumprir as regras dos ambientes onde vão trabalhar. "Um jornalista que vá para a Assembleia da República deve ir vestido de forma diferente de outro que vá para outro local". A seu ver, "o jornalista procura adequar-se à situação, até para não parecer desfasado". Para este caso do uso do véu, a regra deve ser a mesma, disse, claramente.
"Uma cedência"
Já o seu antecessor neste cargo tem outro ponto de vista. Luís Villas-Boas considerou que houve neste episódio uma "cedência" da jornalista. "Foi uma decisão dela, aceito-a, mas eu não o faria". Insistiu na ideia "Estamos num país livre, ninguém venha de fora impor o que eu faço no meu país".
Paula Mascarenhas, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse tratar-se de um assunto relacional entre as partes, mas confirmou que, "à luz da Convenção de Viena, é verdade que dentro de uma Embaixada é suposto ficar ao abrigo das regras desse país".
Teresa Caeiro (CDS/PP) tomou a iniciativa de se juntar ao caso. Veio dizer que pondera pedir explicações ao ministro que tutela a Comunicação Social sobre a decisão da estação pública e da jornalista, por achar que "menoriza as mulheres".
Dina Margato, Jornal de Notícias, 02 de Agosto de 2007 [fonte]
A questão foi levantada por Pacheco Pereira no blogue Abrupto. "Será que estou a ver bem, uma jornalista da RTP a entrevistar o embaixador do Irão em Lisboa, de véu, vestida até à nuca de escuro e com luvas pretas?" A peça com Mohaammad Taheri foi exibida no último "Avenida Europa". "Uma coisa é vestir-se de forma recatada dadas as sensibilidades, outra é vestir-se como uma iraniana em Lisboa", afirma o comentador.
Márcia Rodrigues admitiu que "partiu do princípio" de que teria de comportar-se assim. "Na República Islâmica do Irão, essas são as regras. Quando fui à Embaixada do Irão na Turquia, fui assim vestida e todos os colegas sabiam que esse era o procedimento".
Quando combinou a entrevista, não perguntou expressamente por esse pormenor ao assessor do embaixador, por ter deduzido que "era um dado adquirido". O primeiro secretário do embaixador, em Lisboa, da República Islâmica do Irão, Seyed Abbas Badrifar, confirmou "A jornalista não nos perguntou, não se falou sobre a roupa dela, mas não é obrigatório vestir de determinada maneira". Disse ainda que o "assunto não é importante para a Embaixada".
"É a lei"
Márcia Rodrigues evocou os muitos anos de carreira e as várias viagens ao Médio Oriente para se justificar. "Há 20 anos que vou para o Médio Oriente e sei o que é uma República Islâmica. Não se trata de um costume, é a lei". Reagiu também com a pergunta "Nunca viram Chiristiane Amanpour, da CNN, ou os jornalistas da BBC nesses territórios?". Entre os jornalistas, as posições divergem. Para Orlando César, presidente do Conselho Deontológico do Sindicato, os profissionais da Comunicação devem cumprir as regras dos ambientes onde vão trabalhar. "Um jornalista que vá para a Assembleia da República deve ir vestido de forma diferente de outro que vá para outro local". A seu ver, "o jornalista procura adequar-se à situação, até para não parecer desfasado". Para este caso do uso do véu, a regra deve ser a mesma, disse, claramente.
"Uma cedência"
Já o seu antecessor neste cargo tem outro ponto de vista. Luís Villas-Boas considerou que houve neste episódio uma "cedência" da jornalista. "Foi uma decisão dela, aceito-a, mas eu não o faria". Insistiu na ideia "Estamos num país livre, ninguém venha de fora impor o que eu faço no meu país".
Paula Mascarenhas, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse tratar-se de um assunto relacional entre as partes, mas confirmou que, "à luz da Convenção de Viena, é verdade que dentro de uma Embaixada é suposto ficar ao abrigo das regras desse país".
Teresa Caeiro (CDS/PP) tomou a iniciativa de se juntar ao caso. Veio dizer que pondera pedir explicações ao ministro que tutela a Comunicação Social sobre a decisão da estação pública e da jornalista, por achar que "menoriza as mulheres".
Dina Margato, Jornal de Notícias, 02 de Agosto de 2007 [fonte]
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