quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Temos que aprender a ser humildes perante o voto do povo

Durante a semana passada, o Senhor Presidente Mahmoud Ahmadinejad participou nas cerimónias oficiais e iníciou o décimo mandato da presidência do Irão. Para mais quatro anos, o Presidente Ahmadinejad terá a responsabilidade para dirigir o Irão. As eleições realizadas no dia 12 de Junho foram as trigésimas primeiras eleições dos trinta anos da vida da República Islâmica do Irão e a taxa da participação dos eleitores atingiu os 85%. A grande participacão do povo iraniano desmostrou o seu grande interesse inédito no destino do seu país e, assim, permite aos países democráticos do mundo comparar a taxa de participação dos iranianos com as dos outros países.

Ao contrário de alguns países, no Irão, a participação nas eleições não é obrigatória. Por isso, a participação maciça do povo iraniano prova o seu interesse incondicional para o seu estado. Sem qualquer escolha ou sugestão para um dos candidatos, o Líder do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, apenas tinha pedido a participação maciça do povo. O Estado iraniano tinha preparado as eleições com diversos meios, como os debates directos entre os candidatos, que foram vistos pelos 50 milhões de iranianos. Todos os preparativos encorajaram e motivaram o povo para uma participação maciça nas eleições. Queremos que os observadores internacionais e os médias digam em quais dos países do mundo e em que democracias antigas o povo participa nas eleições neste nível.

Mais importante ainda, para perceber o poder do povo em qualquer país, temos que olhar para a sua história e a dos seus países vizinhos. Será que, com a confiança nos seus próprios sistemas, os responsáveis dos países do Médio Oriente, da Ásia e da Europa permitem um debate livre sobre todos os assuntos?

Durante os últimos quatro anos, o Presidente Ahmadinejad investiu mais nas zonas afastadas e desfavorecidas do Irão e várias vezes visitou as cidades e aldeias que nunca qualquer autoridade tinha visitado. Nenhum dos antigos presidentes do Irão tinha tomado estas iniciativas. Estes factos acrescentaram a sua grande popularidade nas pequenas cidades e aldeias do Irão. Com excepção de Teerão (o capital) e uma outra província iraniana, o Presidente Ahmadinejad teve com 63% dos votos a maioria dos votos.

Durante os últimos anos, as regras e os mecanismmos praticos da realização das eleições no Irão são as mesmas que as eleições anteriores. Também, nestas eleições, a Comissão Observadora das eleições tinha preparado os novos mecanismos para a protecção dos votos do povo e para evitar as fraudes: contagem informática em simultâneo com a contagem manual; atribuição dos códigos locais para os boletins da cada cidade e região; e, também, a observação acentuada da Comissão Observadora e a presença dos observadores dos candidatos nos locais dos votos. 92 000 representantes pessoais dos candidadtos (40 000 representantes de Senhor Moussavi que foi o principal adversário de Senhor Ahmadineja) vigiaram os locais de votação (por exemplo, no passado, na altura das eleições que deram vitória aos dois mandatos do Senhor Hashemi Rafsanjani e a um mandato do Senhor Khatami não havia presença dos representantes dos candidatos nos locais de votação).

Desde há trinta anos que a Revolução Islâmica do Irão nasceu e pôs fim aos 2500 anos da dinastia, e que tudo está baseado e apoiado no voto do povo. É de facto um ponto de partida na história milenária do Irão. A sociedade iraniana não é uma sociedade morta, muda e sem voz. As divergências existentes reflectam o dinamismo e a diversidade da sociedade iraniana. No Irão, o povo escolhe o seu Líder, o seu Presidente e até os responsáveis locais. É interessante de saber que, de acordo com o artigo 177 da Constituição da República Islâmica do Irão, a gerência do país é baseada no voto do povo. E este princípio é eterno e imúdavel.

Durante as três últimas décadas, sempre, os governos organizadores das eleições assistiram à vitória dos seus opositores. Num só olhar às tendências políticas do Ayatollah Khamenei, dos Senhores Hashemi Rafsanjani, Khatami e Ahmadinejad, percebemos que o estado iraniano reconheceu como o seu presidente quem teve a vitória nas eleições presidênciais iranianas. E ísso uma grande lição para todos.

Seria bom que os raros países, que não esconderam o seu desgosto nos resultados das eleições presidênciais do Irão e que não assistiram à vitória do seu candidato favórito, seguissem este método do sistema iraniano e respeitassem o voto do povo. Será que um dia as grandes potências aceitarão o voto do povo apesar da sua concordância ou discordância com a pessoa eleita? Será que a decisão da Comissão das Eleições dos EUA no ano 2000 (apesar dos vários protestos de Al Gore) sobre a vitória de Bush com uma pequena margem é mais importante do que a decisão da Comissão das Eleições do Irão nas quais a taxa da participação é dos 85% e que a margem da vitória é de 11 milhões de votos? Um dos países do Norte da Europa anunciou abertamente a existência das fraudes nas eleições presidências do Irão. Sem presença dos seus observadores no Irão como é possível justificar tal declaração numas eleições cuja a diferença entre os votos do vencedor das eleições com os outros candidatos é de 11 milhões?

Depois da realização das eleições, houveram protestos no Irão. Por isso, o Comité das Eleições examinou os resultados e depois de três semanas confirmou a legalidade das eleições. O Comité das Eleições, numa iniciativa sem precedente, verificou 10% das caixas dos votos e registou, pela primeira vez, o resultado de todas as 47000 caixas no seu site. Assim, em todo o território iraniano, o povo teve acesso aos resultados dos votos recolhidos no interior e exterior do país. Como se sabe, em todo o território iraniano há meios do acesso ao internet, e, ao nível mundial, o Irão é o terceiro país dos bloguistas. Na realidade, os resultados das contagens foram expostos ao povo. Foi um acto inédito nas eleições iranianas.

Como já foi mencionado aqui, os protestos, as críticas e as manifestações não são actos inéditos no Irão. Por isso, sempre foi sublinhado que as divergências das opiniões no Irão são assuntos internos e naturais no âmbito do poder do povo e que os problemas serão resilvidos internamente.

A República Islâmica do Irão é um grande poder com um dos mais antigos sistemas do poder do povo na Região. É conhecido como um país moderado que se afasta de extremismo, com um povo altamente instruido que nunca invadiu ou atacou os seus países vizinhos. Na nossa era, os países como os EUA, que são eles próprios conhecidos na instauração do extremismo, são obrigados a corrigir os seus erros e aproveitar das experiências e influência do Irão na Região. Porque procuram se salvar do impasse que eles próprios criaram. E isso, será, de certeza, possível com o voto e a vontade do povo iraniano.

Temos que ser humildes perante o voto e a escolha do povo (qualquer que seja a sua escolha). A questão é que, infelizmente, os médias estrangeiros não mostram bem a realidade iraniana e influenciam as opiniões e decisões que são limitadas nestes olhares errados. Não é por acaso que quem viaja para o Irão no regresso a sua primeira frase é: "o que vi foi totalmente diferente e oposto do que os médias relatavam!"

Rasool Mohajer
Embaixador da República Islâmica do Irão em Lisboa