Preocupado em conter a crescente influência dos Estados Unidos na região, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, defendeu nesta terça-feira, em sua primeira visita oficial a Baku, o fortalecimento dos vínculos entre seu país e o Azerbaijão vizinho.
"Temos excelentes relações, em todos os âmbitos. No entanto, ainda há um grande potencial a ser explorado", declarou Ahmadinejad depois de uma reunião com seu colega azerbaijano, Ilham Alyev.
"Não deve haver obstáculos ao desenvolvimento de nossas relações", afirmou, no primeiro dia de uma visita de 48 horas.
O Azerbaijão, de maioria xiita - como o Irã - e rico em petróleo e gás, se encontra entre a Rússia e o Irã.
Aliev qualificou a visita de Ahmadinejad de "muito importante" e disse esperar que "depois dela, nossas relações serão ainda mais estreitas".
Os dois países assinaram cinco acordos bilaterais referentes, entre outros, à construção de uma nova ponte em sua fronteira comum, à criação de novos postos alfandegários e à abertura de uma linha direta de ônibus pelo Irã para ligar o Azerbaijão a seu enclave do Nakhishevan.
Os dois dirigentes também se comprometeram a reforçar sua cooperação na energia e na produção de eletricidade.
Esta viagem é a primeira visita oficial do presidente iraniano ao Azerbaijão, lembrou o porta-voz da embaixada iraniana, Mahjid Feizullan.
O Azerbaijão mantém relações diplomáticas e comerciais estreitas com o Irã, um país com o qual compartilha laços históricos e religiosos.
Entre 16 e 30 milhões de azerbaijanos moram no norte do Irã, enquanto que apenas 8 milhões vivem no próprio Azerbaijão.
Entretanto, Baku também se tornou um dos principais aliados dos Estados Unidos no Cáucaso.
Washington sempre foi favorável à instalação de oledodutos permitindo alimentar o Ocidente em hidrocarbonetos azerbaijanos que passem pela Turquia. Os americanos forneceram assistência militar a Baku, e participaram de manobras militares conjuntas. Por sua vez, o Azerbaijão autorizou a Otan a utilizar seu espaço aéreo para ter um acesso estratégico à Ásia Central e ao Afeganistão.
De acordo com os analistas, Ahmadinejad deve aproveitar sua visita para expressar preocupação com as opções pró-ocidentais assumidas pelo poder azerbaijano.
"O presidente iraniano está preocupado com a questão de uma eventual utilização pelos americanos do território azerbaijano dirigida contra o Irã", declarou Vafa Guluzade, ex-conselheiro em política externa do ex-presidente do Azerbaijão heidar Alyev.
Washington expressou o desejo de utilizar aeroportos do Azerbaijão para fons militares e, segundo analistas, poderia escolher este país como base de ataque em uma eventual operação contra o Irã.
Baku desmentiu categoricamente os rumores segundo os quais autorizaria Washington a utilizar seu território para atacar outro país.
Para os mesmos analistas, os dois presidentes também devem evocar a proposta feita pela Rússia aos americanos de utilizar a estação radar azerbaijana de Gabala, construída pelos soviéticos, como alternativa à instalação na República Tcheca de uma estação radar como parte do futuro escudo antimísseis americano.
A questão do escudo antimísseis provocou recentemente uma tensão entre Washington e Moscou.
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