quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Nos EUA, Ahmadinejad diz que não negou o Holocausto


O presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou durante um debate na Universidade de Columbia que nunca negou a existência do Holocausto. "Não disse que ele nunca aconteceu. O que questionei foi que, tendo acontecido, o que é que ele tem a ver com o povo palestiniano?" Ahmadinejad respondia ao presidente da universidade, Lee Bollinger, que no discurso de apresentação fez diversas perguntas e acusou o presidente iraniano de mostrar todas as características de "um ditador cruel e mesquinho". Mais de 700 pessoas, na maioria estudantes, participaram da conferência, que foi transmitida pela rede de televisão CNN.

Ahmadinejad sorriu diante da apresentação de Bollinger, mas depois deu sinais de tensão à medida em que este falava. O presidente da Universidade fora muito criticado pelo convite ao presidente do Irão e prometera dirigir-se a Ahmadinejad com palavras duras. O resultado foi além do que seria normal esperar: "O senhor é imprudentemente provocador ou espantosamente inculto", acusou Bollinger, ao referir-se à negação do Holocausto.

Ahmadinejad começou a sua resposta afirmando que Bollinger utilizou um tratamento não amigável devido às pressões da imprensa e de políticos americanos. "Infelizmente, houve insultos e afirmações que não foram correctas", disse. "Não vou deixar-me afectar por este tratamento inamistoso". O presidente do Irão disse ainda que gostava que se realizassem mais investigações sobre o assunto e que Israel aproveita-se do Holocausto para justificar os maus-tratos aos palestinianos.

Terrorismo

Perguntado sobre os motivos que levam o seu país a apoiar o terrorismo, Ahmadinejad disse que o Irão é vítima do terrorismo e defendeu que é necessário investigar as suas verdadeiras raízes e causas. Referindo-se em concreto ao 11 de Setembro de 2001 nos EUA, perguntou: "Por que ocorreu? Qual foi a sua causa? Que condições levaram a ele? Quem esteve realmente envolvido?" Ahmadinejad manifestara a vontade de visitar o Ground Zero, mas não foi autorizado.

O presidente insistiu que o Irão é uma nação pacífica que quer defender o seu direito a continuar um programa nuclear. "Somos membros da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e a agência estipula que todos os Estados membros têm o direito à tecnologia nuclear", acrescentou.

"Queremos ter o direito a uma energia nuclear pacífica", repetiu.

Homossexuais

Questionado por que são condenados à morte homossexuais no Irão, Ahmadinejad

afirmou que não há homossexuais no seu país, provocando risos na assistência. "No Irão não temos este fenómeno, não sei quem lhe disse que temos." Assegurou ainda que as mulheres, "as melhores criaturas criadas por Deus", são as "mais livres do mundo", e participam em todos os níveis da sociedade e têm muitas responsabilidades. Disse ainda que o seu país tem um dos maiores níveis de participação da sociedade, e que nas eleições "participa 80% a 90% da população".

Dezenas de manifestantes juntaram-se diante da universidade, com cartazes que acusavam Ahmadinejad de querer ser um "novo Hitler".

Mas o director defendeu o convite a Ahmadinejad por se tratar de liberdade académica e de expressão. "É muito importante conhecer os líderes dos países que são adversários", afirmou Bollinger ao programa Good Morning America, da rede ABC.

Esquerda

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