sábado, 15 de setembro de 2007

ElBaradei pede paciência para desenvolver acordo entre Irã e AIEA


Viena, 12 set (EFE).- O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, pediu hoje paciência para que os inspetores façam seu trabalho no Irã e lembrou que a negociação é "a única solução viável" para encontrar uma saída para a polêmica sobre o programa nuclear da República Islâmica.

"Na diplomacia é necessário tempo e as pessoas devem entender que temos que utilizar todas as ferramentas a nosso alcance para conseguir resultados", disse ElBaradei aos jornalistas.

"Peço ao Irã e à comunidade internacional que façam o quanto puderem para nos ajudar, para achar uma solução crível", acrescentou, ressaltando o trabalho de "imparcialidade e objetividade" da AIEA.

O diretor da AIEA reiterou a idéia de estabelecer um "tempo morto" para facilitar o diálogo sobre o programa nuclear iraniano, no qual o Conselho de Segurança suspenda as sanções e o Irã encerre os trabalhos de enriquecimento de urânio.

"Fiquei encorajado hoje ao ver Alemanha, França e Reino Unido apoiarem a idéia de um 'tempo morto', que também foi feito na China e África do Sul", disse ElBaradei.

No entanto, o grupo conhecido como UE-3 (Alemanha, França e Reino Unido), que no passado se mostrou firme nas negociações com o Irã, também mostrou receio de que a República Islâmica só tente ganhar tempo com o acordo com a AIEA.

"Estamos, de qualquer forma, preocupados pela natureza seqüencial do plano de trabalho dado que é possível que seja usado para atrasar os esclarecimentos sobre as questões pendentes", afirmou o discurso do embaixador alemão na junta, Klaus Peter Gottwald, que falou em nome dos três países.

O acordo de 21 de agosto estabelece que o Irã cooperará com a AIEA para esclarecer até o fim do ano a natureza do programa nuclear do país, que teria ocultado parte de suas pesquisas da comunidade internacional durante 18 anos, até 2003.

Alguns diplomatas se mostram críticas com o calendário estipulado pela AIEA e o Irã e asseguram que é muito difícil que ele possa ser cumprido logo, e por isso se prolongaria até 2008.

ElBaradei voltou a assegurar hoje que o plano estipulado com Teerã era um grande passo e que um prazo de tempo de dois a três meses é razoável se comparado com a falta de avanços sobre o programa nuclear iraniano nos últimos anos.

"Esperamos que o Irã, para esclarecer as questões pendentes, ofereça toda a transparência necessária. Nosso trabalho consiste em deixar claro que o Irã aqui e agora tem um programa nuclear pacífico", insistiu o diretor da AIEA.

ElBaradei pediu mais uma vez que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio, como o Conselho de Segurança da ONU exigiu em duas resoluções. Ele disse que não se podem julgar as intenções futuras do Irã, mas "esclarecendo o passado e o presente do seu programa nuclear, isso terá um impacto na confiança internacional" no país.

O diretor da agência da ONU reiterou também o pedido de que o Irã ratifique e aplique o Protocolo Adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que daria aos inspetores da AIEA a possibilidade de fazer visitas surpresa a instalações suspeitas, como medida para esclarecer de forma definitiva as intenções nucleares do país.

Teerã rejeita categoricamente a exigência de interromper seu programa nuclear argumentando que desenvolver a energia atômica com fins pacíficos é um direito inalienável, ressaltando que não tem intenção de desenvolver armamentos nucleares. EFE ll pp/pa

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