quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Irã apresenta novo míssil de longo alcance em plena crise por questão nuclear


TEERÃ (AFP) — O Irã apresentou neste sábado seu novo míssil de longo alcance, capaz de atingir Israel e as bases americanas na região, em uma parada militar realizada em meio à crescente pressão internacional contra o programa nuclear de Teerã.

O apresentador militar oficial da parada, exibindo o texto de seu discurso, informou a alguns jornalistas que o "Ghadr-1" (que significa "poder") tem "um alcance de 1.800 quilômetros e funciona com combustível líquido".

Um exemplar desse míssil foi exibido junto com um Shahab-3, cujo alcance é de 1.300 km, segundo o apresentador oficial da parada. O novo míssil parece ser um modelo aperfeiçoado do "Shahab-3".

O governo de Teerã aproveitou o desfile que comemorava o início da guerra entre Irã e Iraque (1980-88) para exibir sua nova arma e reiterar seu desafio aos países ocidentais, em plena crise causada por seu programa nuclear.

"Aqueles que pensam que com instrumentos antiquados, como a guerra psicológica e as sanções econômicas, podem impedir a marcha do Irã rumo ao progresso, se enganam completamente", disse o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, em seu discurso aos participantes da parada militar.

Ahmadinejad disse que o Irã "é uma potência influente (...) e que o mundo deve saber que essa potência sempre esteve a serviço da paz, da estabilidade, da fraternidade e da justiça".

Denunciou a presença "de forças ilegítimas (americanas) na região" como "a causa de todas as divergências e ameaças", exigindo sua retirada "em benefício dos povos da região".

Este ano, ao contrário de 2006, várias acusações dirigidas a americanos e israelenses foram feitas durante o evento.

Em alguns veículos se podia ler: "Morte à América", ou "Israel deve ser apagado do mapa", frase pronunciada em 2005 pelo presidente iraniano e que gerou a condenação da comunidade internacional.

Autoridades militares européias não compareceram ao desfile, assim como em 2006 para evitar um mal-estar, segundo um diplomata europeu. Em 2005 se retiraram da tribuna em sinal de protesto.

No começo do desfile foram feitas exibições com três caças Saegheh, o novo avião de guerra iraniano que havia sido apresentado na quinta-feira.

O desfile foi realizado no dia seguinte a uma reunião das grandes potências para decidir possíveis novas sanções contra a República Islâmica.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia) junto com a Alemanha se reuniram na sexta-feira para estudar um terceiro pacote de sanções contra o programa nuclear do Irã.

No entanto, parece que no encontro voltaram a ficar patentes as divergências entre os Estados Unidos e os países europeus, de um lado, e Rússia e China, de outro, em relação ao tema.

Os países ocidentais acusam o Irã de querer produzir a bomba atômica sob o pretexto de levar adiante um programa nuclear com fins pacíficos.

O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, se referiu no início desta semana à possibilidade de uma "guerra", embora depois tenha dito que tudo será feito para evitá-la.


AFP Brasil

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