Portugal "pode ter uma parte maior do bolo das relações do Irão com a Europa" no campo energético, disse ontem, em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Manouchehr Mottaki.
O país "pode armazenar energia" do Irão "ou obter aquela de que necessita", segundo o responsável pela diplomacia de Teerão, confirmando que "a cooperação energética na exploração de gás e também na compra de petróleo fazem parte" de uma negociação em curso envolvendo a Galp pelo lado português.
O seu homólogo português, Luís Amado, confirmou a existência "há vários meses de contactos" entre a Galp e a NIOC (National Iranian Oil Company, a empresa nacional de petróleos iraniana) para projectos conjuntos na área da exploração hidrocarbonetos. Segundo a Lusa, que citou palavras de Amado na conferência de imprensa após o encontro com Mottaki, a preocupação portuguesa "é agora a de criar condições estratégicas e políticas que permitam desenvolver muito mais as relações económicas, comerciais e culturais entre os dois países".
Se as negociações com a Galp correrem bem, o Irão poderá ser um dos fornecedores de gás natural da petrolífera portuguesa, confirmaram ao DN fontes ligadas às negociações. Em contrapartida, o Irão gostaria de armazenar petróleo, em Sines, para distribuir depois para outros mercados europeus.
Um projecto que poderá vir a ser estudado entre as duas partes caso cheguem a um acordo, confirmaram as mesmas fontes. Uma possibilidade semelhante está prevista no memorando de entendimento assinado, em Outubro, entre a Galp e a Petróleos da Venezuela.
O fornecimento de gás liquefeito por parte do Irão à Galp, e uma possível entrada desta na exploração de gás naquele país são dois aspectos que já estão em discussão há vários meses entre a empresa portuguesa e as autoridades iranianas. Fontes da Galp, por seu turno, limitam-se a confirmar a existência de negociações e a sublinhar que não há qualquer acordo.
No decurso da estadia do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, em Lisboa, houve apenas mais um encontro de trabalho, adiantaram as mesmas fontes.
Agora, as negociações entre a Galp e a NIOC vão continuar .
O MNE iraniano, que se exprimiu sempre em persa com tradução para português, exibiu uma nota de razoável optimismo e mostrou-se convicto da possibilidade de acordo.
Segundo Mottaki, as propostas portuguesas estão actualmente a "serem analisadas pelo Ministério do Petróleo" iraniano. O diplomata de Teerão realçou, ainda no plano económico, a existência de condições para empresas portuguesas - "no investimento e no comércio" - estarem presentes no seu país, colocando ainda ênfase na "longa relação" de cinco séculos entre Portugal e Teerão, "uma relação sem nenhum aspecto negativo em aberto". [fonte]
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