O diálogo é o melhor caminho para promover a compreensão entre as nações e comunidades. Enquanto que o diálogo gera cooperação e interacção, a falta de diálogo e lógica irá ser inevitavelmente seguida por hostilidade e confrontos. Após muitos séculos de tensão e confrontos, desde há cerca de meio século que a Europa se tornou um exemplo bem sucedido de interacção e cooperação, graças ao diálogo e compreensão. Na verdade, o desejo dos seres humanos de seguir o caminho do diálogo e compreensão pôs fim a séculos de conflitos inúteis e o massacre de milhões de pessoas, abrindo caminho ao estabelecimento da paz e estabilidade entre os Estados-Membros. Por isso, perguntamos se não chegou a hora para estabelecer as relações entre a Europa e a República Islâmica do Irão com base no diálogo e cooperação, assim como, na igualdade de estatuto e direitos?
Do ponto de vista histórico e geográfico, o Irão é um país com uma posição privilegiada no Mundo Muçulmano, assim como nas regiões sensíveis do Golfo Pérsico, do Médio Oriente e do Mar Cáspio. Consequentemente, tem a capacidade de desempenhar um papel instrumental nos desenvolvimentos regionais e internacionais, e na instauração da paz e estabilidade. Neste contexto, acreditamos que a República Islâmica do Irão e a União Europeia podem formar uma estrutura adequada para estabelecer uma vasta cooperação, garantindo os interesses mútuos a nível regional e internacional, através de uma cooperação construtiva, intercâmbio constante, cumprimento dos princípios do respeito mútuo e interesses comuns, não-interferência em assuntos internos e lealdade aos compromissos.
Deste modo, de forma a iniciar uma interacção construtiva e uma nova cooperação, necessitamos de um paradigma comum; um paradigma que seja concordado por ambas as partes.
A política externa iraniana após a Revolução Islâmica girou sempre à volta de diálogo e uma abordagem que conduz ao estabelecimento de "justiça e espiritualidade baseadas na paz e tranquilidade". Diálogo e abordagem esses que têm sido sempre valorizados e respeitados, particularmente pelo actual Governo da República Islâmica do Irão.
Quatro componentes básicos podem constituir os principais pilares do paradigma comum entre o Irão e a União Europeia. Estas componentes são: a Democracia, a Segurança, Energia e a Cooperação Económica.
A democracia pode desempenhar um papel-chave nas relações entre o Irão e a União Europeia, de modo a que as divergências possam transformar-se em pontos de cooperação. Os pré-requisitos para a aceitação da democracia como uma componente comum no paradigma da cooperação são o respeito pela democracia, o compromisso com os requisitos e resultados da democracia e evitar adoptar posturas pouco transparentes. Com base numa tal abordagem, podem ser encontradas soluções democráticas para muitos problemas e desafios, respeitando a soberania dos países.
A segurança nos mais diversos aspectos é a necessidade mais importante dos Europeus e constitui uma matéria de preocupação para o Irão e a Europa. Hoje em dia, o terrorismo, narcóticos, imigração ilegal, etc. são problemas que afectam a segurança de ambas as partes.
Para além da necessidade psicológica por segurança, a Europa enfrenta uma outra necessidade séria por energia e a necessidade de diversificar recursos relevantes. Necessidades estas que pode ser suportada pelo Irão, devido às suas enormes reservas hidrocarbónicas e a sua posição no panorama económico e energético.
Simultaneamente, podemos expandir a nossa cooperação em áreas como o comércio que será no interesse dos nossos povos. Recursos naturais ricos, o vasto território iraniano e a sua situação geopolítica, juntamente com as suas capacidades e recursos humanos, são considerados factores adequados que podem ser usados e aproveitados neste aspecto.
No início desta fase, podemos pôr de lado alguns mal-entendidos através do restabelecimento de conversações bilaterais de modo a alcançar pontos de cooperação, e até criar um plano de relações estratégicas entre o Irão e a Europa.
Por outro lado, também diálogo religioso e intercultural pode servir de ponte de aproximação entre as nossas perspectivas e realçar os nossos pontos comuns. Assim, a nomeação pela União Europeia e o Parlamento Europeu do ano 2008 como o "Ano do Diálogo de Culturas" (a sua versão iraniana é "Diálogo de Civilizações") torna-se uma boa ideia perante este contexto, e esperamos que este diálogo possa ser considerado como um passo vital na promoção da paz, tranquilidade e bem.-estar entre todos os seres humanos.
O diálogo e interacção em todas as suas formas e em todas as áreas, incluíndo a política, cultural e económica, é uma necessidade vital da humanidade e sociedades humanas. Sem diálogo, irão proliferar as confrontações. Confrontações estas que não são aceites por nenhum homem sábio, nenhuma sociedade e nenhum governo responsável. [fonte]
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