terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Iraque: Invasão iraniana para proteger xiitas fora de questão - Embaixador do Irão em Portugal

O Irão nunca faria uma incursão militar para proteger os "irmãos xiitas" no Iraque, onde um bombista suicida matou no domingo 40 peregrinos e feriu 60 em Iskandiriyah, garantiu hoje o encarregado de negócios da embaixada iraniana em Portugal.

Mehdi Mokhtari frisou que o seu país está empenhado na "cooperação com o governo iraquiano, em nome da paz e estabilidade", ao ponto de o Presidente Mahmud Ahmadinejad realizar a 02 de Março a sua primeira visita a Bagdad.

O diplomata justificou a presença internacional em solo iraquiano, que "deve ser separada" da de "outros países", disse, numa alusão aos Estados Unidos.

Sobre a campanha militar turca em curso desde a passada quinta-feira no norte do Iraque, para desmantelar as bases da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o encarregado de negócios iraniano classificou os separatistas de "terroristas" e condenou os seus actos, por "vitimarem inocentes".

Mokhtari falava em conferência de imprensa para fazer o rescaldo do relatório sobre o programa nuclear iraniano tornado público na sexta-feira pelo director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), organismo regulador das Nações Unidas (ONU).

Washington continua a insistir na necessidade de ser aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU um terceiro "pacote" de sanções contra o regime dos ayatollahs, por se recusar a acatar as resoluções que impõem o fim do enriquecimento de urânio visando, alegadamente, fabricar a bomba atómica.

"O Conselho de Segurança da ONU deveria evitar infligir mais danos à sua própria credibilidade e à autoridade da AIEA, não persistindo nas acções irracionais e ilegais preconizadas por alguns países", declarou, aludindo uma vez mais à iniciativa norte-americana, apoiada por países aliados.

"A intensa e frutuosa cooperação conjunta entre a AIEA e o Irão tem de ser salvaguardada por todos os estados-membros da ONU", acrescentou.

Mokhtari, num comunicado, assegurou que o seu país deu à AIEA pleno acesso às instalações nucleares, respondeu a todas as questões colocadas e prestou as informações requeridas.

"Está claro que o programa nuclear iraniano se destina exclusivamente a fins pacíficos", para produção de electricidade, frisou, concluindo não se justificar, portanto, qualquer pronunciamento adicional do Conselho de Segurança da ONU.

"À luz do relatório da AIEA carecem de fundamento as alegações feitas por alguns países acerca da natureza do programa nuclear" iraniano e do perigo da "proliferação" de armas de destruição em massa (ADM), vincou.

O comunicado conclui que "o Irão tem sido responsável, transparente e um signatário de confiança do Tratado de Não-Proliferação (TNP)" de armas nucleares.

Sobre a resistência do regime dos ayatollahs em assinar o Protocolo Adicional do TNP, que contempla inspecções indiscriminadas e sem pré-aviso da AIEA, Mokhtari foi claro.

"Será subscrito quando cessar a hostilidade de alguns países em relação ao Irão, que suspendeu o programa de enriquecimento de urânio há três anos sem, entretanto, ter visto o mínimo sinal de boa-vontade", concluiu.

Representantes dos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França -, mais a Alemanha estiveram hoje reunidos no Departamento de Estado, em Washington, para analisar os novos meios capazes de levar o Irão a renunciar ao programa nuclear.

Tom Casey, porta-voz da diplomacia norte-americana, disse que foi passado em revista o projecto de resolução apresentado ao Conselho de Segurança da ONU, para ser aprovado o mais depressa possível.

Emendas ao texto foram entregues na passada quinta-feira pela Grã-Bretanha e França, visando oferecer aos iranianos - sem prejuízo das sanções - cooperação económica, científica e diplomática, que Teerão tem rejeitado. [fonte]

0 comentários: