quarta-feira, 22 de abril de 2009

De Teerão

Escrevo em Teerão, esta grande e milenária cidade, cujos ruídos entram pela minha janela enquanto amanhece. Hoje é Sábado, 4 de Abril, e quando me levantava às 6:00 da manhã em Caracas aqui eram 9:00 da noite do dia 3… todavia! Que coisas estas as do espaço e do tempo com as suas leis e a sua relatividade!

Ligo o televisor, conectado directamente ao satélite, e ali está Vanessa com o seu programa Contra Golpe, desde o local recuperado do Porto de Maracaibo. O vento bate forte vindo do lago e a Pátria chega-me de repente através do ecrã. Ouço a voz do povo, dos conselhos comunais ali presentes. Ouço a voz da Força Armada na pessoa do coronel presidente do porto. Ouço pois, a voz da Revolução que avança.

E daqui te digo, homem, mulher, compatriota que m lê: não desfaleçamos na Ofensiva Revolucionária em toda a frente de Batalha!

Pudemos comunicar-nos via telefónica com Vanessa. E logo com o Dossier de Walter Martínez. Falamos várias horas, enquanto continuava a subir o sol além das montanhas nevadas de Teerão, aqui no coração do Médio Oriente.

Entretanto, todo o mundo tem estado pendente da Reunião do G-20 em Londres, a capital do velho império britânico. Começou com pompa e circunstância e podemos dizer que terminou sem dor nem glória, apesar do optimismo expressado nas declarações de alguns dos seus protagonistas.

Já o havia dito em Caracas, em Doha, aqui em Teerão, recordando o grande caudilho José Gervásio Artigas: “Não devemos esperar nada de ninguém senão de nós mesmos”. E assim é, em verdade.

A quem senão aos que não querem ver a realidade lhes pode ocorrer colocar nas mãos de um incendiário a tarefa de apagar o incêndio?

Mas foi exactamente isso que decidiram: dar de novo gigantescas quantidades de dólares ao Fundo Monetário Internacional, ao Banco Mundial… Valha-me Deus!... Outorgar mais poderes à Organização Mundial do Comércio e ameaçar inclusivamente aqueles países do terceiro mundo que caiam no “pecado do proteccionismo”. Salva-se quem puder!

Sinceramente não querem ou não podem escapar à perversa lógica neoliberal e pretendem agarrar-se aos princípios do selvagem modelo capitalista. Assim são os fundamentalistas!

Nós, por outro lado, continuamos a construir o nosso caminho e transitando por este, empregando os nossos modestos esforços na confirmação do mundo multipolar, multicêntrico, no qual se consiga trazer à realidade aquele conceito bolivariano do “equilíbrio do Universo”.

Hoje, Sábado, conclui-se aqui em Teerão o Encontro do G-2, Irão e Venezuela, com a assinatura de um conjunto de novos acordos que constituem a linha de partida do novo mapa 2010-2020, sobre o qual navegaremos estas duas Repúblicas, os seus povos irmãos e as suas revoluções.

Ontem inauguramos em Teerão a sede do novo Banco Binacional Irano-Venezuelano (BBIV), para cujo nascimento trabalhamos intensamente durante mais de dois anos e que doravante se constitui num novo instrumento precisamente para a libertação da ditadura do dólar.

Esta criação de um Banco Binacional entre a nação persa e a nossa recorda-nos aquelas palavras que Martin Luther King pronunciava em 1963: “Recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça esteja falido”. Enquanto que em todo o mundo, em especial nos grandes centros financeiros, continuam a falir e a cair os grandes bancos, no nosso Sul, justiça seja feita, nascem novas instituições financeiras ao abrigo se um novo conceito que dista muito do capitalismo em queda livre. Com o Irão começamos também a projectar a criação de uma empresa Grande Nacional de medicamentos que contribua para romper com as grandes multinacionais farmacêuticas da morte. O fortalecimento de outros projectos – agro-pecuários, alimentares, mineiros, energéticos – foram parte importante da nossa agenda dentro do propósito estratégico de converter a nossa nação numa potência soberana e independente, na medida do possível.

O Encontro da ASPA em Doha, e esta dos G-2, Irão e Venezuela, são a prova palpável de que outro mundo já começa a ser possível, ante o triste espectáculo observado também com atenção da nossa parte, nas antípodas, do encontro dos G-20.

Esta noite viajaremos para o Japão. Será uma grande viagem. E logo iremos a Pequim, essa gigantesca cidade capital da nova superpotência mundial do século XXI.

Agora quase não tenho nem tempo para escrever. Portanto, estas linhas de hoje são mais curtas que o normal. Desde modo não se queixaram nem Jesse nem Eleazar.

Quando estiverem a ler estas minhas palavras, estaremos já no avião da Cubana que Fidel nos emprestou, rumo ao Japão. E já será Domingo de Ramos. Peço aqui desde estes mundos de Deus, que Cristo retorne de verdade, os seus valores, a sua paixão, a sua esperança. Peço que ressuscite cada dia nos corações de todas e de todos. E que se torne uma bela realidade o Reino que vem anunciar-nos: o socialismo!

ATÉ À VITÓRIA SEMPRE

VENCEREMOS

Hugo Rafael Chávez Frias [fonte]

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