segunda-feira, 8 de março de 2010

Teerão critica falta de confiança dos ocidentais na política nuclear

O Irão criticou ontem a falta de confiança dos Estados Unidos, da França e da Alemanha na política nuclear iraniana, numa carta aberta ao conselho de ministros da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), reunido em Viena para examinar a possibilidade de novas sanções contra Teerão.
Na carta, o Irão cita as “faltas de cumprimento” dos três países nos contratos assinados com Teerão na área nuclear, antes da revolução de 1979. O país pede aos ministros da AIEA que tenham em consideração a questão no momento de avaliar as “contestações legítimas” do Irão no âmbito nuclear. A República Islâmica afirma que um problema de confiança com as grandes potências levou o país a rejeitar a proposta de trocar o urânio iraniano ligeiramente enriquecido por combustível para o reactor de pesquisas de Teerão, e a decidir iniciar no seu próprio território a produção de urânio altamente enriquecido (a 20 por cento).
A recusa provocou uma condenação da AIEA em Novembro. Os ministros da agência analisam desde ontem uma quarta etapa de sanções contra Teerão no Conselho de Segurança da ONU.
Na carta aberta, o Irão recorda as divergências com os Estados Unidos, Alemanha e França, que não entregaram, após a revolução islâmica de 1979, o combustível nuclear que o regime do xá havia comprado para o reactor de Teerão e a central nuclear de Busher.

Programa nuclear duvidoso

O director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Yukiya Amano, advertiu ontem, em Viena, que os inspectores do órgão não conseguiram confirmar a natureza pacífica do programa nuclear do Irão. “Não conseguimos comprovar que todo o material nuclear no Irão é destinado a actividades pacíficas, já que o Irão não ofereceu à AIEA a cooperação necessária”, disse o japonês na abertura da reunião do conselho de ministros da AIEA.
Segundo Amano, que assumiu o cargo em Dezembro, a “cooperação necessária” inclui a “aplicação das resoluções relevantes do conselho de ministros e do Conselho de Segurança da ONU”, além da implementação do protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Este protocolo permite aos especialistas da AIEA fazer inspecções sem aviso prévio em qualquer instalação da República Islâmica.
Jornal de Angola, 2 de Março de 2010

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